Segundo a CNBC, o Facebook conversou no mês passado com “várias organizações de saúde, incluindo a Stanford Medical School e a American College of Cardiology, sobre a assinatura do acordo de compartilhamento de dados”. As informações seriam utilizadas “apenas para pesquisas conduzidas pela comunidade médica”, de acordo com a empresa.
O sigilo médico é um princípio seguido à risca pelos profissionais, por isso, o compartilhamento de informações de pacientes é um tema bem sensível. O projeto previa que os nomes das pessoas, por exemplo, seriam ocultados do banco de dados; em vez disso, o Facebook utilizaria uma técnica de hash para relacionar, de forma anonimizada, os dados médicos com os dados da rede social. A ideia era “combinar o que um sistema de saúde sabe sobre seus pacientes (como: pessoa tem doença cardíaca, 50 anos, toma 2 medicamentos e fez 3 visitas ao hospital este ano) com o que o Facebook sabe (como: usuário tem 50 anos, é casado, tem 3 filhos, inglês não é seu idioma principal, envolve-se ativamente com a comunidade enviando muitas mensagens)”, segundo as fontes do veículo. De posse dessas informações, “se o Facebook puder determinar que um paciente idoso não possui muitos amigos próximos ou muito apoio na comunidade, o sistema de saúde pode decidir enviar uma enfermeira para verificá-lo após uma cirurgia de grande porte”. Parece até uma boa finalidade, certo? Mas, em meio a um escândalo de uso indevido de dados, tudo isso levanta a dúvida se deveríamos permitir que o Facebook tenha acesso a tanta coisa. Mesmo porque as discussões iniciais do Facebook com os hospitais nem sequer levavam em conta o consentimento dos pacientes em compartilhar esses dados, por exemplo. E a gente sabe que a rede social já fez experimentos psicológicos sem a permissão dos usuários. O Facebook diz em nota que suspendeu o projeto para focar em outras tarefas importantes, como “fazer um trabalho melhor em proteger os dados das pessoas”. O escândalo Cambridge Analytica afetou mais pessoas do que se esperava, incluindo 443 mil no Brasil e, recentemente, a empresa fez alterações nas APIs para limitar o acesso aos dados dos usuários. Você cederia seus dados médicos ao Facebook por vontade própria?